Obesidade, hipertensão arterial, diabetes e histórico familiar em parentes de primeiro grau. Esses são os principais fatores de risco para o câncer nos rins, uma doença que costuma acometer duas vezes mais os homens do que as mulheres. Especialmente após os 50 anos de idade.
Os rins são dois órgãos muito importantes para a nossa saúde. Além de filtrarem as “impurezas” do sangue, eliminadas posteriormente na urina, eles desempenham inúmeras outras funções, como:
- Produção de hormônios que atuam na manutenção da pressão arterial e estimulam a produção dos glóbulos vermelhos;
- Manutenção do equilíbrio hídrico através do controle da quantidade dos líquidos corporais na corrente sanguínea;
- Regulação das taxas de eletrólitos, como sódio, potássio, cálcio e fósforo;
- Filtração e excreção de toxinas e metabólitos.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o principal tipo de câncer nos rins é o Carcinoma de Células Claras. Ele corresponde a 75% dos casos.
O prognóstico dessa doença costuma ser favorável, mas depende de fatores como a idade e doenças pré-existentes. Em especial, a rapidez para o diagnóstico e o tratamento.
Sintomas e Diagnósticos
Cerca de apenas 10% dos pacientes costumam apresentar sintomas de câncer nos rins, como dor na lateral do abdômen, sangue na urina e massa abdominal palpável.
Na maior parte das vezes, o diagnóstico é realizado de forma incidental, em exames de imagem e na forma de nódulos sólidos ou cistos complexos.
O câncer nos rins pode se apresentar de três formas:
- Forma localizada: a lesão está totalmente confinada ao órgão (felizmente, a forma mais comum);
- Forma localmente avançada: quando já ocorreu a proliferação de células cancerosas para fora do órgão;
- Forma avançada: quando as células cancerosas já se espalharam e se implantaram em outros órgãos, como nódulos linfáticos, pulmões e ossos.
Tratamento para o câncer nos rins
Após o diagnóstico do câncer de rins, realizamos o que chamamos de estadiamento da doença. Nesta etapa, identificamos qual a forma (gravidade) de cada caso e qual o melhor tratamento para cada pessoa.
Infelizmente, as células do câncer nos rins costumam ser quase totalmente resistentes a tratamentos como radioterapia e quimioterapia. Por isso, a cirurgia é a principal forma de curar e controlar as células cancerosas.
Atualmente, em grande parte dos casos, já é possível realizar o tratamento cirúrgico sem a necessidade de remoção completa do rim. A cirurgia preservadora, com técnicas minimamente invasivas, como a cirurgia robótica e laparoscópica, trazem benefícios como:
- Redução da dor (a maioria dos pacientes não precisa de medicamentos para controle da dor após a alta);
- Recuperação pós-operatória mais rápida, com menor tempo de hospitalização;
- Retorno mais rápido às atividades diárias;
- Menor perda de sangue, com menor taxas de hemotransfusão.
Cirurgia robótica: como funciona?
Com a cirurgia robótica, podemos realizar a remoção do câncer nos rins de forma minimamente invasiva e precisa. Assim como na cirurgia videolaparoscópica, as pinças e instrumentos são inseridos por cavidades pequenas, de 2 a 4 centímetros, junto com uma microcâmera.
No entanto, na cirurgia robótica, o médico cirurgião comanda os movimentos de todos os instrumentos a partir de um console com monitor de alta definição e controles especiais.
A grande vantagem é que as pinças robóticas são mais estáveis e conseguem realizar movimentos impossíveis para mãos humanas.
Entre os benefícios da cirurgia robótica para o câncer de rins estão:
- Reconstrução mais segura e detalhada das camadas dos rins naqueles casos em que a lesão precisou ser removida de uma localização mais profunda;
- Maior visualização em monitor 3D e de alta definição por parte dos médicos cirurgiões das estruturas;
- Ampliação do campo cirúrgico em até 10 vezes;
- Melhor detalhamento de planos e tecidos;
- Movimentos delicados e precisos das pinças cirúrgicas;
- Melhor ergonomia para o médico cirurgião.
Atenção especial
Todos os pacientes submetidos à cirurgia de preservação dos rins precisam saber que, embora a chance seja pequena, pode haver a necessidade de totalização da nefrectomia (retirada de todo o rim).
Isso quer dizer que, durante o procedimento, podem surgir situações que façam com que o cirurgião e a sua equipe julguem mais seguro e prudente retirar o órgão por completo.
Pelas mesmas razões, pode ser necessária a conversão da cirurgia robótica para a via aberta, para a garantia da segurança do paciente, embora esta situação seja rara.
Cuide da sua saúde e da sua qualidade de vida. Acompanhe regularmente seu médico e, em caso de dúvidas, solicite mais informações sobre o uso da cirurgia robótica para o câncer nos rins. Se precisar de ajuda, entre em contato conosco.
Sobre os autores:
Dr. Pedro Geraldo Junior é graduado em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais. Especializou-se e concluiu residência em Cirurgia Geral no Hospital Universitário São José e em Urologia no Instituto Mario Penna. É membro efetivo da Sociedade Brasileira de Urologia, da American Urology Association, da International Society for Sexual Medicine e da European Association of Urology.
Dr. Roberto Kinchescki é graduado em Medicina pela Universidade Federal de Santa Catarina. Especializou-se e concluiu residência em Urologia no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná. Com passagens e atendimento na esfera pública e privada, sua marca é o aprimoramento de técnicas e procedimentos para uma melhor qualidade de vida, sempre em contato com o bem-estar e o contexto humano de cada paciente.
Dr. Sander Tessaro é graduado pela Universidade do Extremo Sul Catarinense. Especializou-se e concluiu residência em Urologia em São Paulo/SP pelo Hospital Santa Marcelina. Dedicou parte dos seus estudos na Cleveland Clinic (Estados Unidos) onde realizou fellowship em Cirurgia Minimamente Invasiva e Endourologia. É membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia e Membro Internacional da American Urology Association e da European Association of Urology. Sua atuação é pautada pela busca de soluções efetivas aos seus pacientes, atendendo-os de forma humanizada e individual.